A rigidez cognitiva e comportamental é uma das características frequentemente observadas em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa rigidez se manifesta como dificuldade em lidar com mudanças, insistência em rotinas, padrões de comportamento repetitivos e resistência a novas experiências. No contexto escolar, tais desafios podem afetar diretamente a aprendizagem, a socialização e a adaptação ao ambiente. Mas afinal, como a escola pode ajudar crianças e adolescentes com TEA a lidar com essa rigidez?
O que é rigidez cognitiva e comportamental?
A rigidez cognitiva diz respeito à dificuldade em flexibilizar pensamentos, mudar de ideia ou adaptar-se a novas situações. Já a rigidez comportamental envolve padrões repetitivos de ação e resistência à mudança de rotinas ou ambientes.
No dia a dia escolar, isso pode se traduzir em situações como:
•Recusa em mudar de lugar na sala;
•Dificuldade em aceitar alterações na rotina (como troca de professores ou atividades);
•Insistência em fazer as coisas sempre do mesmo jeito;
•Desregulação diante de imprevistos.
É importante compreender que esses comportamentos não devem ser vistos como “birras” ou “teimosia”, mas como manifestações reais de um funcionamento neurológico diferente que demanda acompanhamento e apoio especializado.
Por que é importante falar sobre isso na escola?
A escola é um espaço fundamental para o desenvolvimento das habilidades sociais, emocionais e cognitivas. Entender a rigidez no TEA permite que educadores e equipes pedagógicas adotem estratégias inclusivas que favoreçam a participação plena desses estudantes, promovendo bem-estar, segurança emocional e aprendizagem significativa.
A seguir, destacamos ações práticas que a escola pode implementar:
1. Criação de rotinas estruturadas e previsíveis
Entendemos que, manter uma rotina clara e visual ajuda a reduzir a ansiedade causada por mudanças inesperadas. O uso de agendas visuais, quadros com a sequência de atividades e combinados fixos são excelentes recursos.
2. Preparação para mudanças
Quando for necessário alterar a rotina, prepare o estudante com antecedência. Explique o que vai mudar, por que vai mudar e o que ele pode esperar. Sempre que possível, use imagens ou histórias sociais para apoiar a compreensão.
3. Ambiente acolhedor e seguro
Se faz necessário deixar claro que estudantes com TEA precisam se sentir seguros para se abrir ao novo. Um ambiente afetivo, respeitoso e sem julgamentos é fundamental para que eles se sintam confortáveis em explorar alternativas e lidar com frustrações.
4. Uso de reforços positivos
Valorizar tentativas de flexibilização com elogios, incentivos ou recompensas pode motivar o estudante a aceitar gradualmente mudanças e novas propostas.
5. Adaptação de atividades
Permitir diferentes formas de realizar a mesma tarefa, respeitando os interesses e limitações do aluno com TEA, é uma forma de trabalhar a flexibilidade sem gerar sofrimento.
6. Apoio interdisciplinar
NO entanto, a atuação conjunta com profissionais como psicopedagogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais potencializa o acompanhamento e promove um olhar integral sobre as necessidades da criança ou adolescente.
A importância da formação dos professores
Para que todas essas estratégias sejam efetivas, é essencial que os professores e demais profissionais da escola estejam sensibilizados e capacitados sobre o Transtorno do Espectro Autista e suas manifestações, incluindo a rigidez cognitiva e comportamental.
Logo, compreendemos que as formações continuadas, rodas de conversa e suporte da equipe de educação inclusiva são passos importantes para uma escola mais preparada e empática. Por isso, faz-se necessário ter uma equipe dentro da escola que tenha essa função, no sentido de dialogar com professores e família, auxiliar nas adaptações, trazer campanhas de consciencialização aos alunos. Pensamos que, essa função pode vir a partir dos profissionais envolvidos na sala do atendimento educacional especializado (AEE) ou outros professores mais sensibilizados com a inclusão desses estudantes.
Conclusão
Portanto, compreendemos que a rigidez cognitiva e comportamental no TEA pode representar um desafio, mas também uma oportunidade de promover um ensino mais humano, criativo e adaptado à diversidade. Com estratégias acessíveis e um olhar cuidadoso, a escola pode ser um espaço de transformação — tanto para o aluno com TEA quanto para toda a comunidade escolar.
