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Como o professor poderá auxiliar no momento de crise?

 Por que as crises acontecem? Como o professor poderá auxiliar?

Sem dúvidas, existe uma angústia muito grande por parte do corpo docente quando o aluno com TEA se desorganiza em sala de aula. Muitas vezes o professor fica apreensivo e não sabe exatamente como agir.

Por outro lado, existe uma preocupação dos pais ao pensarem: e se meu filho desregula na escola? será que saberão agir, ele realmente está seguro nesse ambiente?

Então, é fato que algumas orientações devem ser destinadas aos professores. Os pais também poderão contribuir nesse sentido, relatando quais são as principais atitudes que devem ser tomadas nessas situações e que funcionam com seu filho em casa.

No entanto, existem alguma orientações mais gerais e disseminadas por alguns especialistas que se  baseiam em evidências científicas.

Primeiramente, vamos pensar! o que faz as crianças terem esses comportamentos disruptivos dentro da escola? Na maioria das vezes, as crises são causadas pela nossa inadequação nos manejos. Por não conduzir a situação de maneira adequada e não conseguir realizar uma comunicação efetiva.

Sabemos que a dificuldade na comunicação social faz parte dos critérios de diagnóstico de uma criança com autismo.  No entanto, não faz parte dos critérios a agressividade.

Além da falta de manejo, existem também as questões sensoriais. As vezes o barulho, os ruídos e outros estímulos visuais podem desorganizar o aluno. Outras vezes a crise acontece por não conseguir fazer as coisas que tinham planejado, a falta da flexibilidade mental.

E as crises na escola? o que fazer?

Em suma, na grande maioria das vezes, a desregulação acontece por falta da comunicação efetiva. Tanto da parte dos profissionais para com ele, como dele para conosco. Muitas crianças são não-verbais, mas conseguem se expressar através de comportamentos (linguagem corporal) que precisamos aprender a interpretar.

É importante termos em mente que, quando uma criança entra em crise, não é ela apenas. O ambiente entra em crise, o sistema também se desorganiza. Já que foi o conjunto de fatores que levou a essa situação (falta de manejo, comunicação inadequada e o ambiente).

Os professores devem então, avançar e desenvolver a questão da comunicação com essa criança. O professor não deveria adentrar a sala de aula com uma lista de regras esperando que essa criança vá seguir. Explicar inúmeras vezes não vai garantir a compreensão.

Existe um instrumento interessante e que pode ser utilizado em alguns casos: denominamos de objetos de apego. Geralmente é um objeto (brinquedo) que ele gosta muito e que deixá-lo em contato com ele pode dar um suporte, no sentido de muitas vezes impedir o desencadeamento de uma crise ou fazer com que o aluno se regule novamente.

Então, é importante que os professores permitam a presença desses objetos em sala de aula.

Situação Prática:

O aluno leva pra sala de aula um objeto de apego, um carrinho azul, por exemplo. E no meio da aula, o aluno pega esse objeto e mostra para os colegas. Imediatamente o professor manda ele guardar, dizendo que naquele momento não é permitido brincar em aula. Ou até toma o objeto e guarda para devolver em outro momento.

Essa falta de manejo e conhecimento por parte do professor, pode gerar uma série de situações, inclusive uma crise. O profissional nesse caso, não deu previsibilidade pra ele, não explicou que horas devolveria e se devolveria. O docente não compreendeu a função daquele objeto de apego para aquela criança.

O professor poderia aproveitar a situação para se comunicar com ele, perguntar quem deu aquele objeto, falar sobre as cores, escrever o nome do objeto no caderno, ou seja: provocar situações didáticas a partir daquele brinquedo.

Compreender de onde veio a desregulação é fundamental, então é necessário investigar para previnir.

Veio dos estímulos sensoriais? Oferecer fones, òculos escuros.

Veio da mudança de rotina sem aviso prévio: montar quadros de rotinas e dar previsibildade para a criança.

Mas se a crise já tiver instalada? como agir?

A criança deve ser protegida nesse momento. Tirar barulho, iluminação intensa, levá-la para outro ambiente mais calmo e que ela possa se reorganizar.

Podemos ficar junto da criança impedindo que ela se machuque ou machuque alguém. Trazer palavras de conforto e reforçar que tem alguém ali com ela para ajudar, é importante. Após esse momento, fazer uso da comunicação alternativa para que ela possa apontar o que de fato ela está querendo.

E em relação as regras de sala de aula? Como fazer o aluno seguir?

Em um post anterior, falamos da importância da previsibilidade para esses alunos. Então, retornamos aqui com a ideia de trazer as regras de forma concreta. Criando quadro de rotinas, com horários, palavras e imagens.

É importante também a comunicação com os pais. Pedir ajuda no sentido de compreender o que aconteceu. E não ligar para os pais e pedir que eles retirem seus filhos da escola, já que entrou em crise. Isso JAMAIS!

Nós deveremos perguntar para os pais (que conhecem melhor a criança) o que pode ser realizado dentro da escola para que seu filho se sinta melhor. O que os pais fazem em casa e funciona? E que pode ser trazido também para o ambiente escolar?

A ideia então seria: juntar forças, nos unirmos, pais e escola. Só dessa maneira poderemos contribuir efetivamente para a evolução a aprendizado desses alunos.

 

2 comentários em “Como o professor poderá auxiliar no momento de crise?”

  1. Leossandra Maria De Souza Silva

    Entendo que ter empatia por esse aluno é o começo de tudo, independente do seu nível de suporte.Tenho 2 filhos com TEA onde ambos precisam de suportes diferentes,ou seja cada qual com suas particularidades.Onde em um momento de desregulação a compreensão por parte do professor é de suma importância.

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