Nos últimos anos, o debate sobre a inclusão educacional tem ganhado cada vez mais destaque, especialmente no que diz respeito aos alunos com autismo. Esses estudantes possuem características únicas que demandam um olhar atento e estratégias específicas por parte dos educadores. A formação de professores na perspectiva da inclusão do aluno com TEA, portanto, é um fator essencial para garantir que todos os alunos, independentemente das suas necessidades, tenham acesso a uma educação de qualidade. No caso dos alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa formação torna-se ainda mais crucial.
O Papel dos Professores na Inclusão
O professor é, sem dúvida, a principal figura responsável por facilitar o aprendizado e a integração de todos os alunos na sala de aula. Em um contexto de inclusão, o educador precisa estar preparado para identificar e atender a essas necessidades de forma eficaz. No caso do autismo, as demandas podem ser muito variadas, desde dificuldades de comunicação até desafios em se relacionar socialmente ou processar informações sensoriais de maneira diferente.
A falta de uma formação específica pode resultar em falhas na abordagem desses alunos, prejudicando seu desenvolvimento acadêmico e social. Por outro lado, um professor bem treinado estará mais apto a adotar metodologias e práticas pedagógicas que favoreçam a aprendizagem dos estudantes com autismo, garantindo um ambiente mais inclusivo e produtivo para todos.
Aspectos da Formação de Professores
Uma formação de qualidade para os educadores deve abordar diversos aspectos relacionados ao autismo. Dessa maneira, proporcionar um entendimento amplo sobre o transtorno e suas manifestações. Entre os principais pontos que devem ser abordados em programas de formação estão:
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Compreensão do Transtorno do Espectro Autista: É fundamental que os professores entendam as características do TEA. Reconhecendo que ele se manifesta de formas diversas e que cada aluno com autismo é único. Isso inclui aprender sobre os diferentes níveis de apoio que cada estudante pode precisar, de acordo com suas particularidades.
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Estratégias Pedagógicas e Didáticas: A formação deve ensinar práticas e métodos específicos para ajudar os alunos com autismo a se desenvolverem de acordo com seu ritmo e estilo de aprendizagem. Isso pode envolver o uso de recursos visuais, tecnologias assistivas, práticas de reforço positivo e ambientes de aprendizagem estruturados.
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Desenvolvimento de Habilidades Sociais: Muitos alunos com autismo enfrentam dificuldades nas interações sociais. Parte do treinamento do educador deve incluir a aprendizagem de técnicas para promover a inclusão social dentro da sala de aula, incentivando a colaboração entre os alunos e o desenvolvimento de habilidades sociais importantes.
- Trabalho em Rede: A formação também deve incluir a importância do trabalho colaborativo com outros profissionais, como psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, para fornecer um suporte completo ao aluno. Esse trabalho em equipe é essencial para garantir que as estratégias adotadas sejam eficazes e integradas.
Inclusão como um Direito
A inclusão de alunos com autismo não é apenas uma questão pedagógica, mas também um direito garantido pela legislação. No Brasil, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) estabelece que as instituições de ensino devem promover a inclusão de alunos com deficiência, garantindo acesso, permanência, participação e aprendizagem no ambiente escolar.
A formação contínua dos professores é, portanto, um passo fundamental para que essas normas sejam efetivamente cumpridas. Sem a capacitação adequada, as escolas podem falhar na implementação de práticas inclusivas que realmente atendam às necessidades dos alunos com autismo.
Vamos para exemplos de como fazer um trabalho colaborativo e inclusivo na prática?
Situação modelo: aluno com autismo, nível de suporte 2 e que possui muita dificuldade nas questões sensoriais, principalmente o barulho. Como a escola e o professor poderá contribuir com esse aluno? quais estratégias adotar?
Modificação do Ambiente
- Redução de Ruídos: A sala de aula deve ser adaptada para minimizar os ruídos que possam sobrecarregar o aluno. Isso pode incluir o uso de materiais de absorção sonora. Podemos trazer exemplos como tapetes, cortinas ou painéis acústicos, para reduzir a reverberação do som.
- Espaço de Refúgio: Prover um local tranquilo dentro da escola onde o aluno possa se retirar quando se sentir sobrecarregado. Esse espaço pode ser isolado do barulho. Deve-se oferecer um ambiente mais calmo com iluminação suave e poucos estímulos sensoriais.
- Fones de Ouvido: Oferecer ao aluno fones de ouvido com cancelamento de ruído ou protetores auriculares para reduzir a intensidade dos sons externos. Dessa forma o aluno poderá se concentre nas tarefas ou se sinta mais confortável.
Ajustes Curriculares e Pedagógicos
- Tempo Extra: O aluno pode precisar de mais tempo para completar tarefas devido à sobrecarga sensorial. O professor pode adaptar o ritmo da aula. Oferecendo mais tempo para concluir atividades e permitindo pausas conforme necessário.
- Instruções Claras e Visuais: Fornecer instruções claras, preferencialmente visuais, para facilitar a compreensão do aluno. A utilização de recursos como cartões de comunicação, pictogramas ou sequências visuais pode ser útil.
- Estrutura e Previsibilidade: Manter uma rotina clara e previsível ajuda a reduzir a ansiedade. O uso de horários visuais ou gráficos de rotina pode ser útil para o aluno saber o que esperar em cada parte do dia.
Suporte Individualizado
- Apoio de um Acompanhante ou Monitor Escolar: Caso o aluno tenha um apoio mais individualizado, um acompanhante pode auxiliá-lo durante as aulas, ajudando a identificar sinais de sobrecarga sensorial e oferecendo suporte quando necessário.
- Sensibilização dos Colegas: A sensibilização dos colegas de classe é importante para que todos compreendam a situação do aluno e saibam como agir de maneira respeitosa, minimizando fatores de estresse, como barulho excessivo ou comportamentos inesperados.
Estratégias de Regulação Sensorial
- Intervenções de Autorregulação: O aluno pode precisar de estratégias específicas para regular suas reações sensoriais, como pausas regulares para atividades de relaxamento ou de estimulação sensorial (ex: massagem, bolas de stress, objetos que proporcionam sensação tátil).
- Tecnologias Assistivas: Ferramentas como aplicativos que oferecem feedback visual ou auditivo para ajudar o aluno a controlar seu nível de estresse ou ansiedade em momentos de sobrecarga sensorial.
Compreendemos, então, que a Formação de Professores na perspectiva da Inclusão de Alunos com Autismo é fundamental para que de fato esses estudantes tenham não só o direito, mas que realmente consigam acessá-los.
Muito bom.
Qdo trabalhei com criança com autismo foi muito difícil,pq não tinha o suporte de ajuda que se tem hj.
Como tb não se tinha a ajuda dos pais.
Qdo pedia ajuda necessária que levasse o aluno ao um psicólogo ,para uma avaliação muitos vezes entrava em conflito com os pais não querendo aceitar que seu filho tinha uma deficiência e dizia : tia tá dizendo que meu filho é doido,,?
Era complicado.
Hj se trata uma criança com deficiência e tem boa aprendizagem justamente pq os pais evoluiram e aceitam.numa boa ajuda de um profissional competente.
E o resultado é incrível.
Tive vários alunos com transtornos e hj sai formados , casados e bem sucedidos.
Pq os pais e os profissionais trabalharam com eles.
Tudo depende da ajuda dos pais.
Vado não haja esse interesse não tem com evoluir o caso e ficar tudo beleza.
Maravilhoso.
Conteúdo bastante relevante, para uma melhor compreensão de como lidar, com um aluno com TEA, em sala de aula.
Parabéns, Professora Cláudia Fialho!
E obrigada, por está contribuição.
Excelente material.
Uma grande ajuda para quem trabalha com educação.
Perfeito. Excelente conteúdo.
Conteúdo excelente!
Conteúdo excelente!Parabéns!
Parabéns pelo excelente trabalho!
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