Coordenação motora no TEA

Qual a importância de desenvolver a coordenação motora na criança com autismo?

A coordenação motora pode ser definida como a capacidade de usar de forma mais eficiente os músculos esqueléticos. Isso resultaria numa ação global mais eficiente, prática e econômica. Esse tipo de coordenação permite a criança ou adulto dominar o corpo no espaço e controlar os movimentos mais rústicos. Podemos também definir como a capacidade de sincronizar vários movimentos por meio do cérebro, músculos e articulações.

Tipos de coordenação motora:

O portal da Educação, classifica em 4 grupos/tipos:

1. Coordenação motora Geral: Tem como objetivo fazer com que as crianças aprendam a dominar o próprio corpo, controlando todo e qualquer movimento. É essencial para que as crianças aprendam a andar, rastejar, saltar e outros movimentos.
2. Coordenação motora específica: Ao desenvolver essa coordenação, a criança saberá controlar movimentos específicos,  como por exemplo: jogar futebol, basquete dentre outros esportes que demandam sincronizações específicas de braços e pernas.
3. Coordenação motora fina: Envolve todos os pequenos movimentos realizados manualmente, tais como: escrever, desenhar, recortar e outros.
4. Coordenação motora grossa: É estimulada com o objetivo de garantir que a criança desenvolva impulso e força abrangendo vários músculos ao mesmo tempo. Atividades como: correr, praticar exercícios físicos gerais, erguer objetos e dançar exigem o desenvolvimento desse tipo de coordenação.

E no TEA, como se apresenta essa coordenação motora?

Correr, saltar, jogar bola e pular corda são atividades que fazem parte do universo infantil. No entanto, quando os pequenos estão dentro do Espectro autista,  isso pode ser bastante desafiador.

Acredita-se que essa dificuldade esteja relacionada a alguma disfunção motora relacionada aos neurônios motores e suas conexões. Estima-se que 80% das crianças com autismo apresentam uma certa dificuldade em coordenar movimentos finos e grossos.

Portanto, o DSM-5 não trás o atraso da coordenação motora como critério para o estabelecimento do diagnóstico. Ou seja, o diagnóstico não inclui atrasos ou deficiências nessa área, ou mais especificamente, no desenvolvimento das habilidades de coordenação motora.

Porém, mesmo essa característica não fazendo parte dos critérios diagnósticos, é muito frequente nas crianças com TEA e precisam ser consideradas e estimuladas o desenvolvimento dessa capacidade.

Existem duas principais dificuldades motoras apresentadas por uma parte dos indivíduos autistas:

• Hipotonia: baixo tônus e força muscular;
• Apraxia: Prejuízo na habilidade de realizar movimentos hábeis, apesar de possuir o desejo de executar;

Essas situações acima descritas, afetam de forma direta a habilidade de utilizar as mãos, principalmente no ato de escrever ou manusear objetos menores.

Desde a infância, as primeiras intervenções nesse campo da motricidade deve ocorrer,  já que as conexões neurais estão em formação e também devido ao fenômeno da neuroplasticidade.

Como o ambiente escolar pode contribuir nesse processo?

O ambiente escolar é um ambiente rico na promoção de experiências motoras. As habilidades mais finas devem ser desenvolvidas ainda na primeira infância, com atividades como: mexer em tintas, pincéis, massas de modelar, recortar e outros.

Já a coordenação motora mais específica e a grossa, podem ser bastante estimuladas nas aulas de educação física. Atividades como: marchar, saltar, jogar bola, dançar são excelentes exercícios para desenvolver essas habilidades. Alguns estudos demonstram que além de favorecer nesses aspectos anteriormente citados, os exercícios físicos ainda auxiliam na interação e podem impactar no desenvolvimento da linguagem.

Dicas finais:

• Nossos pequenos precisam de pausas entre os estímulos, caso contrário, podem se desorganizar;
• O ideal seria acrescentar aos poucos as atividades para que descubram o que gostam;
• Devemos ter paciência e compreender o ritmo desse processo.